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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Depressão em universitários

Por Igor de Andrade Cardoso Oliveira e Mastroiani Rodrigues Costa Araújo.

A OMS ou WHO (Organização Mundial de Saúde ou World Health Organization) conceitua saúde como um “estado de perfeito bem-estar físico, mental e social”. A saúde mental é uma dos três componentes da saúde geral. Nesse sentido são necessários estudos que investiguem quais seriam os principais gatilhos para o desenvolvimento de transtornos mentais sendo esses de suma importância para o entendimento e, com isso, avanço nas pesquisas na área de prevenção de doenças. Este tema já foi abordado por diversos outros pesquisadores, mas ainda não se chegou a conclusões e resultados suficientes para o bom entendimento da questão.
O artigo “Saúde geral e sintomas depressivos em universitários”, de Adriana Munhos Carneiro e Makilim Nunes Baptista, da Universidade de São Francisco teve como objetivo analisar a relação existente entre transtornos depressivos e atividades acadêmicas baseando-se em trabalhos consagrados publicados por outros autores utilizando a EDEP (Escala de Depressão) e com o QSG-60 (Questionário de Saúde Geral). Analisou-se também se os grupos abordados pela pesquisa variam quanto ao sexo, faixa etária, nível sócio econômico ou histórico de doença mental na família. Portanto, analisou-se basicamente a depressão, seus fatores associados e predisponentes além dos instrumentos existentes para sua medição. Nesse estudo participaram 98 universitários, com idade média de 25,8 anos.
A depressão é uma doença que acarreta elevados custos para o estado e perda de qualidade de vida ao sujeito. Sendo assim, esta precisa ser corretamente diagnosticada e tratada. Sintomas depressivos são relacionados ao desenvolvimento de comorbidades, tendo-se em vista que comportamentos de pessoas depressivas são mais nocivos a saúde, fazendo com que estas tenham maior propensão de desenvolvê-las. O Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) traz uma lista com pouco mais de 100 testes aprovados sendo que destes, apenas 2 podem ser utilizados para depressão.
Estudos sobre a prevalência de Transtornos Mentais Menores em universitários mostram que, fatores como desconfiança no próprio desempenho, distúrbios psicossomáticos e estresse psíquico sugerem ser os principais fatores que podem levar o sujeito a desenvolver transtornos mentais, indiferente da idade ou sexo. Outros estudos revelaram que indivíduos com estresse psíquico e/ou desconfiança no próprio desempenho provavelmente avaliam a si e ao mundo de forma mais negativista, sentindo-se assim, mais vulneráveis. Existem diferenças também entre os sexos nas formas de manifestação dos sintomas depressivos. Vemos que homens optam por formas mais externalizantes sendo estas associadas a maior frequência de irritabilidade e raiva, uso de álcool, procura por medicações, chegando até mesmo a tentativas de suicídio. Já as mulheres optam por formas mais internalizantes, como embotamento afetivo, a tristeza e a desesperança.

Em um estudo recente realizado com estudantes universitários, foi observado que 90% dos estudantes se queixaram de insônia e distúrbios do sono, assim como de ansiedade (65%) e estresse emocional e físico (90%). Esses estudos foram realizados com 134 universitários e, após avaliação destes por alguns autores, concluiu-se que esse grupo não possui condições de saúde adequadas para prosseguir com a graduação de forma saudável.
Comparando-se dados obtidos por outros autores mencionados no próprio estudo, com os dados obtidos nos testes realizados no mesmo, vimos que:
- Em relação ao nível econômico, foi observado para Souza Baptista e Alves (2008), um maior nível econômico está associado a menor estresse e menos distúrbios psicossomáticos. Já no estudo realizado pelo artigo, não foi deflagrada nenhuma diferença entre os diferentes níveis econômicos dos participantes.
- No que tange a variação devido ao sexo, de acordo com Cerchiari, Garcia, &Facenda, 2009, mulheres são mais susceptíveis a ausência de saúde mental do que homens com uma diferença estatisticamente significativa. Já na pesquisa realizada pelo estudo, não obteve-se diferença estatística significativa entre os sexos.
- De acordo com a idade, Santo e Kassouf observaram em sua amostra que o aumento da idade resultava em maiores riscos de surgimento da depressão. Entretanto, o resultado do estudo realizado no artigo e dos estudo de Cerchiari, a idade não levou a alterações significativas.
- Referente ao estado civil, tanto o estudo do artigo quanto os resultados encontrados por Cerchiari concluíram que este não foi um fator que leva a alterações importantes na probabilidade de se envolver em um transtorno depressivo. Mais ainda necessita mais estudos a respeito dessa questão.
- Quanto ao fator genético, no estudo realizado, este não foi estatisticamente relevante. Mas esse resultado diverge com outros autores como Laffer&Vallada Filho por exemplo.
Com os dados e resultados obtidos por este artigo, concluímos que ainda é necessário estudos com maiores grupos amostrais e com testes mais eficientes e menos cansativos para resultados mais fidedignos a realidade. É necessário que, em próximos estudos, seja feita uma avaliação mais completa levando-se em conta eventos de vida associados às variáveis analisadas no estudo.

Referência:
Carneiro AM, Baptista MN. Saúde geral e sintomas depressivos em universitários. Salud & Sociedad 2012; 3(2):166-178. [Link]

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